Drª Joana Canais

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Parentalidade Consciente. O que é?

Quando iniciei a minha caminhada pela parentalidade estava constantemente à procura da forma correta de exercer esta nova tarefa. Eu pensava que tinha de haver uma maneira ideal, melhor que todas as outras, uma maneira perfeita. Em 2019, quando me inscrevi na Certificação de Parentalidade Consciente da Mikaela Övén, estava desejosa de aprender técnicas e orientações para pôr em prática no meu dia-a-dia. Tinha na altura uma filha de 4 anos e um filho de 15 meses e eu queria ser a mãe perfeita para os meus filhos. Contudo, a maior surpresa que eu tive foi que a parentalidade consciente é sobre nós e não sobre os nossos filhos. Tem a ver connosco e com a forma como processamos (ou não) o nosso passado enquanto filhos.

Como mães e pais conscientes sabemos que todas as pessoas fazem o melhor que podem com os recursos que têm disponíveis em cada situação e agem sempre a partir de uma intenção positiva.

Um pai ou uma mãe conscientes não são perfeitos. E as crianças não querem mães e pais perfeitos, querem mães e pais felizes!

A principal diferença entre a parentalidade consciente e a corrente mais tradicional da parentalidade é que, na primeira, olhamos para os nossos filhos no seu todo - emoções, opiniões, necessidades e desejos - e não apenas para o comportamento. O foco está em entender e não em corrigir o comportamento.

Quando queremos praticar Parentalidade Consciente, não fazemos coisas aos nossos filhos, fazemos coisas com eles. Amamos os nossos filhos não pelo que fazem, mas pelo que são. Na parentalidade consciente queremos criar relações fortes que assentam nos seus valores como o igual valor, respeito pela integridade, autenticidade e responsabilidade pessoal, e que permitam um saudável desenvolvimento.

Ser um pai ou mãe de forma mais consciente é confiar mais no seu instinto e menos nos medos e opiniões dos outros; é conseguir colocar-se melhor no lugar da criança e perceber melhor as suas necessidades e conseguir também reconhecer as suas necessidades enquanto pai/mãe. É ver neste papel de pai/mãe uma oportunidade de auto- conhecimento e de crescimento, promovendo relações de cooperação com os filhos. Para romper com o paradigma instalado de uma parentalidade tradicional, proponho que inicie com as duas perguntas que considero as mais poderosas de todas: “porque é que faço o que faço?” e “qual é a minha intenção (como pai, mãe, educador)?”

Nós damos a vida aos nossos filhos e eles convidam-nos a reconquistar a nossa.

Se optarmos por percorrer o caminho da parentalidade consciente, abraçamos o desafio de “desaprender” todas as crenças passadas e encarar a parentalidade através de uma nova perspetiva, mais justa, consciente e informada, baseada no respeito e na empatia, onde pais e filhos criam e estreitam relações conscientes, presentes e empáticas, onde, às vezes, os principais recursos serão uma desculpa e um abraço.

A parentalidade consciente convida-nos a ouvirmos a nossa voz interior e a criarmos a nossa parentalidade de dentro para fora e não de fora para dentro, pois quando procura o certo e o errado fora de si perde o contacto com o amor incondicional dentro de si.

Nas consultas de Parentalidade Consciente, o foco é no pai ou mãe e as suas necessidades específicas e a intenção é sempre criar bem-estar no seio da família e ajudar a criar relações saudáveis e crianças felizes. Com esta abordagem os pais são convidados, antes de mais, a compreender o comportamento da criança, a exercitar um novo e diferente olhar. Após identificada a possível origem do problema (que nunca se prende unicamente com a criança, mas antes com uma dinâmica bem mais alargada, onde esta se insere e move), os pais e educadores têm um espaço de reflexão para encontrar novas estratégias parentais, em conjunto com a médica de família e facilitadora de parentalidade consciente, aspectos do relacionamento com os seus filhos/educandos.

Esta consulta tem como objectivo promover a melhoria da relação pais/filhos, mergulhando em temas fundamentais como o amor incondicional; as intenções dos pais; a construção de uma auto-estima saudável; a comunicação; os limites e as necessidades dos filhos, bem como necessidades dos pais.